terça-feira, 22 de julho de 2014

10 Dicas pro Estudo de Língua Japonesa


Muitas pessoas pensam que Japonês é uma língua muito difícil de aprender. Obviamente não é fácil. Mas nenhum idioma é fácil no início, então estudamos, nos dedicamos e quando menos se espera tudo aquilo que parecia que nunca aprenderíamos se torna tão simples e claro que nos perguntamos "como eu pude ter dúvidas sobre isso?"

E o mais legal de aprender um idioma novo, ainda mais um com a escrita completamente diferente da nossa, é o fato de percebermos que estamos conseguindo ler algo que antes parecia um monte de "desenhinhos", mas agora são "palavras"!

Ainda mais quando se trata de uma língua tão mágica, tão interessante e com uma cultura milenar e tão rica como a japonesa.





Venho estudando Japonês a cerca de 6 anos e como alguém que já vivenciou (e ainda vivencia) os altos e baixos do aprendizado de um novo idioma, espero ao longo deste e de outros posts dar algumas dicas para facilitar a vida de quem está interessado ou está iniciando os estudos de língua japonesa.

Neste post pretendo dar 10 dicas básicas para nortear aqueles que querem aprender o idioma, mas não sabem por onde começar. Claro que essas dicas não são "máximas" do aprendizado de japonês. Cada um tem seu jeito particular de estudar e aprender, portanto esses 10 itens são baseadas em aspectos que EU considero importantes para um iniciante.


  • Dica 1 - Aprenda Rōmaji (clique aqui para ouvir a pronúncia dessa palavra)


Se você decidiu aprender Japonês, com certeza já deve ter visitado uma grande variedade de sites. Muito provavelmente a grande maioria deles lhe recomendaram:  "NÃO ESTUDE RŌMAJI!"

Antes de dizer o porquê de eu discordar disso, vou explicar brevemente o que é Rōmaji.

Em uma tradução literal, temos Rōma-ji onde Rōma significa Roma - (sim, a cidade da Itália) - e Ji significa caractere/letra.
Rōmaji é a transcrição fonética da língua japonesa para o alfabeto romano, ou ocidental (o nosso ABC). 

A Língua Japonesa possui 3 sistemas de escrita diferentes: Hiragana, Katakana e Kanji (Falaremos mais detalhes sobre cada um mais abaixo).

Nenhum dos três, nem de perto, lembra o nosso alfabeto ocidental.

É só olhar a figura acima, onde temos o Hiragana e o Katakana para a sílaba "Ke", e perceber que eles não lembram em nada as letras "K" e "E".

As crianças japonesas logo no inicio de sua vida escolar aprendem Hiragana e Katakana. No mais, elas aprendem nas aulas de Inglês como escrever o nosso ABC.

Entretanto, você dificilmente encontrará um japonês escrevendo palavras japonesas com o nosso alfabeto (isto é, em Rōmaji) a não ser quando ele está digitando algo no teclado do computador/celular (o qual transcreve de Rōmaji para Hiragana/Katakana/Kanji).

Em resumo, as chances de você ir ao Japão e se deparar com alguma palavra japonesa escrita em Rōmaji são quase nulas.

Entramos então na crítica que muitos sites fazem ao estudo de Rōmaji. Os argumentos são de que esse pode viciar o estudante, que vai apenas usar Rōmaji  para escrever em japonês e não se dedicará no aprendizado do sistema de escrita japonesa.

Bem, se você é um estudante sério que realmente deseja aprender Japonês, você definitivamente não vai parar em Rōmaji.
Mas com certeza vai ter que passar por ele.

Rōmaji é extremamente útil no estudo de um iniciante. É o momento para se familiarizar com as particularidades da língua japonesa. É o momento em que ele consegue criar uma ponte entre esse novo idioma e a língua materna.

É fazendo uso de Rōmaji que o iniciante vai procurar palavras no dicionário, vai aprender suas primeiras frases. É com Rōmaji que você, assim como os próprios japoneses, vai digitar japonês no seu computador ou celular.

É quase inevitável que, ao se familiarizar com o idioma por meio de Rōmaji, o estudante (que leva a sério) passe ao estudo dos caracteres japoneses. É então que ele adentra no mundo mágico do Hiragana.



  • Dica 2 - Aprenda Hiragana (clique aqui para ouvir a pronúncia)

Hiragana é o primeiro sistema de escrita que as crianças japonesas aprendem na escola. Ele é composto das vogais, da letra N e de um conjunto de sílabas, por isso muitos o chamam de Silabário.

O Hiragana é usado para escrever palavras originalmente Japonesas. Só isso já deve deixar bem claro a tamanha importância que o aprendizado de Hiragana tem.

Muitas histórias voltadas para um público mais jovem são escritas unicamente em Hiragana.

Doraemon, famoso mangá japonês

Lembro-me como se fosse ontem quando comecei a estudar Hiragana, parecia que um novo mundo se abria para mim. Assistir um anime e reconhecer um Hiragana aqui e alí ou pegar meu mangá de Love Hina e ver um Hiragana aqui ou ali era simplesmente recompensador.  

Escrever em japonês o nome de todos da minha sala de aula ou da minha família parecia a coisa mais divertida do mundo, até que um belo dia eu descobri que nomes estrangeiros (ou qualquer outra palavra não-japonesa), em geral, não utilizava Hiragana, mas sim o segundo sistema de escrita japonesa: Katakana.


  • Dica 3 - Aprenda Katakana (clique aqui para ouvir a pronúncia)

O Katakana é o segundo sistema de escrita que as crianças japonesas aprendem pouco depois de aprenderem o Hiragana.

O Katakana também é um silabário e representa os mesmos sons do Hiragana, entretanto o Katakana é utilizado comumente para transcrever palavras estrangeiras.

A grande maioria dessas palavras "importadas" são de origem inglesa. Não apenas pelo inglês ser uma "língua franca", mas também pela estreita relação que surgiu entre japoneses e americanos após a Segunda Guerra Mundial.

Exemplo comum é a palavra 「コンピューター」Konpyuutaa - do inglês Computer que significa Computador.

Entretanto, também temos palavras derivadas de outros idiomas, como do nosso Português: 「パン」PAN (Pão), ou 「タバコ」TABACO (Cigarro, tabaco).

Katakana ainda é muitas vezes usado para escrever onomatopeias, termos científicos, ou até mesmo palavras originalmente japonesas quando se quer "destacar" a palavra, algo semelhante ao nosso itálico ou negrito.

Em geral, materiais voltados para o público jovem trazem comumente apenas Hiragana e Katakana. Alguns jogos muito famosos, como Pokémon (onde o nome de todos os monstrinhos é escrito em Katakana), utilizam apenas esses dois silabários.

Magikarp, ou no original japonês Koikingu 「コイキング」escrito em Katakana

Entretanto, nem tudo é escrito apenas em Hiragana e Katakana. A verdade é que um texto "comum" no Japão, possivelmente terá a presença de Hiragana, Katakana e o terceiro e último sistema de escrita japonesa: Kanji.


  • Dica 4 - Aprenda Kanji (clique aqui para ouvir a pronúncia)
A palavra "Kanji" escrita em Kanji.

Os japoneses sempre tiveram historicamente (e geograficamente) uma relação estreita com os chineses. Sem possuir um sistema de escrita próprio, os japoneses faziam uso da escrita chinesa para escrever Japonês.

Por não ser uma escrita simples, apenas pessoas da nobreza japonesa aprendiam a escrever os caracteres chineses. Não existia Hiragana, nem Katakana. Tudo era escrito com os ideogramas chineses, nomeados posteriormente de Kanji.

Entretanto, o ser humano tem a necessidade de se expressar, e por isso não tardou para que os japoneses de classe mais baixa criassem seu próprio sistema de escrita, uma simplificação dos Kanji. Foi assim que surgiu o Hiragana e o Katakana.



Enquanto o Hiragana e o Katakana representam os fonemas japoneses, o Kanji representa "palavras". A palavra "árvore", por exemplo, possui o seguinte ideograma: 



Então você se pergunta: "OK, sei que isso significa árvore, mas como se fala árvore em Japonês? Como se lê este Kanji?".
É aí que entra o Hiragana, que vai registrar o "som" da palavra.

  Kanji --- Hiragana --- Rōmaji --- Significado
「木」         き               KI            Árvore

E então logo você se pergunta: "Pra que usar 木 se eu posso usar き?"
A resposta para essa pergunta é que dependendo do contexto き pode ter diversos significados, e para cada significado um Kanji diferente: 気 ( き KI, ou energia - aquela usada em Dragon Ball), ou 黄 ( き KI, ou amarelo).

A verdade é que na hora de ler um texto, a leitura flui muito mais com a presença dos Kanjis do que só com Hiragana/Katakana.

Aprender Kanji não é algo simples, exige estudo e dedicação, mas o que tem de complicado tem de apaixonante. Kanji é um dos aspectos mais fascinantes da língua japonesa.

Ao entrar no ensino fundamental, já se espera que uma criança japonesa saiba usar bem Hiragana e Katakana. É a partir do que seria para nós a "primeira série" que os japoneses iniciam seu estudo de Kanji, aprendendo uma quantidade específica por ano (determinada pelo próprio governo Japonês).

Esta lista determinada pelo governo é chamada de Jouyou Kanji, e leva em consideração os 2136 ideogramas de uso frequente no Japão.

Espera-se que um estudante terminando o Ensino Médio seja capaz de ler e escrever todos esses 2136 Kanjis. E é exatamente esta lista que a maior parte dos estudantes estrangeiros procura aprender ao longo de seu estudo de Kanji.

Note que existem muitos outros Kanjis além destes 2136, mas são considerados pelo governo de uso pouco frequente, e por isso sempre que aparecem em algum documento escrito é obrigatório a presença de um pequeno hiragana que registre o som daquele Kanji, a estes pequenos hiraganas damos o nome de "furigana".


Nos mangás, principalmente aqueles voltado para as faixas etárias que estão estudando Kanji, há presença de Furigana em todos os Kanji, o que se torna uma ótima ferramenta de estudo e memorização dos Kanji.



Estude Hiragana, estude Katakana e então avance para o Kanji, aprenda todos os Jouyou Kanji, mas também estude os fora desta lista. Kanji é, atrevo-me a dizer, o mal mais necessário da língua japonesa.

Sem conhecer um número razoável de Kanjis, as chances de você conseguir ler algo em japonês (um mangá, por exemplo) são baixas, a não ser que você esteja lendo algo voltado para o público mais infantil (escrito só em Hiragana e Katakana).

Falando em leitura, isso nos leva a próxima dica...


  • Dica 5 - Leia Muito
Famoso mangá "Love Hina" de Ken Akamatsu

Muitas pessoas já começam a estudar pegando livros de gramática e tentando decorar diversas regras gramaticais. Isso pode até funcionar para alguns, mas em geral, esquecemos grande parte das regras caso não sejam aplicadas. E como aplicamos regras gramaticais?

Com leitura.

Uma das lembranças mais bonitas da minha infância é a de meu pai sentando ao meu lado lendo comigo antes de eu ir dormir um gibi da Turma da Mônica. Eu tinha uns 5 ou 6 anos. Ele pedia pra eu tentar ler, eu colocava aquelas letrinhas juntas e lentamente as falava em voz alta, sem nem mesmo saber o que estava lendo até ouvir minha própria voz, quando eu pensava no que acabara de ouvir saindo da minha boca: 

- Ah, então "meeelâaanciiaaa" (eu lendo) é "melancia" (eu apontando pra palavra no gibi), que é essa fruta que ela tá comendo né, pai?
- Isso mesmo, filho!
-    (*_*)    >   Eu com cara de orgulho.

Aprender um idioma novo não tem que se resumir a decorar diversas regras gramaticais ou escrever mil vezes o mesmo Kana (nome genérico para Hiragana e Katakana) ou Kanji. E em se tratando de Japonês, temos uma grande variedade de materiais de leitura, como os mangás, mas também livros, revistas, etc. Até alguns jogos de RPG, com muitas falas, podem ajudar no quesito leitura (só Deus sabe o quanto de palavras que eu já aprendi jogando Pokémon).

Leia materiais que estão de acordo com seu nível e sejam interessantes e divertidos pra você. Não sabe Kanji ainda? Pratique a leitura com materiais que contenham apenas Hiragana ou Katakana, ou leia materiais que contenham Kanji com furigana - o que já ajuda a ir se familiarizando visualmente com os Kanjis.

No mais, quanto melhor for a sua capacidade de leitura, maior vai ser o seu leque de palavras, seu vocabulário aumenta, suas regras gramaticais internalizam na memória, e melhor será a sua escrita.


  • Dica 6 - Ouça Muito
A famosa banda japonesa Asian Kung-Fu Generation!

Uma criança passa o primeiro ano de sua vida rodeada pelos mais diversos estímulos sonoros. São "fala mama" pra cá "não, fala papa" pra lá. A criança internaliza esse estímulo e tenta produzí-lo, balbuciando sons incompreensíveis, mas que pouco a pouco vão ficando claros e a ela começa a falar suas primeiras sílabas (e deixa as mães muito felizes quando o som é um audível "mama"). Com o passar dos meses a criança vai falando cada vez mais, produzindo palavras e em alguns anos já está produzindo frases funcionais.

Faça o mesmo que uma criança. Ouça muito, muito mesmo. Estímulo sonoro é o que não falta. Músicas, Novelas (ou Doramas, como são chamadas no Japão), Animes, etc... Ouça tudo que estiver em japonês, e não só isso, REPITA tudo o que ouvir. No início vai ser algo incompreensível, mas pouco a pouco vai ficando claro e você vai estar falando mais claramente, corretamente e com uma pronúncia mais natural.

Ouvir te ajuda a se acostumar com a "sonoridade" do idioma, o que melhora pronúncia, intonação, entre outras coisas. Quanto melhor fica seu ouvido para o idioma, melhor vai ser sua capacidade de conversação, melhor você vai ser capaz de falar o idioma.

Uma técnica que eu faço muito uso é a de converter algum episódio de um anime que eu goste para MP3. Eu coloco no Player e ouço sem parar, tentando repetir tudo junto (acho que conseguiria dublar todo o anime de Death Note em Japonês se fosse preciso).

Baixar a letra de uma música que você gosta muito, acompanhá-la enquanto canta e tentar traduzí-la também é um ótimo jeito de praticar.


  • Dica 7 - Fale

Falar, por vezes, é a parte mais complicada. Seja por vergonha ou pela ausência de pessoas com quem falar (caso você esteja estudando de forma autodidata e não tenha ninguém que saiba o idioma na sua cidade, o que era o meu caso antigamente). Mas a Internet pode ser uma ferramenta a seu favor. Existem muitos sites na internet onde você pode encontrar parceiros de conversação e fica mais fácil "enfrentar" a tarefa de falar quando você não está vendo a pessoa pessoalmente.

Mas se você tem a oportunidade de estudar japonês em uma sala de aula, não a desperdice. Perca o medo e a vergonha. O melhor jeito de aprender é errando, fale, erre, deixe-se ser corrigido, e com isso aprenda mais e mais.


  • Dica 8 - Escreva


Escrever ajuda a colocar em prática muita coisa que você já aprendeu até aquele momento. Palavras novas, um novo item gramatical, etc. Incentiva-te a pegar o dicionário em busca daquela palavra que você quer escrever, mas não sabe, ou não lembra naquele momento.

Uma técnica que eu utilizava muito era a de escrever um diário em Japonês (pensando bem, eu deveria voltar a fazê-lo).

A Internet, novamente, é uma ótima aliada. O site Lang-8 é uma ótima opção pra quem quer escrever e ter seu texto corrigido por um nativo da língua, e em troca você pode corrigir os textos de pessoas estudando sua língua materna. Você ainda tem a chance de fazer amigos no site e até mesmo achar parceiros de conversação.


  • Dica 9 - Use a Internet

A Internet possui muito material para aquele que deseja estudar Língua Japonesa. Há muitos sites interessantes, dicas, técnicas, livros para download, e uma infinidade de coisas.

Entre no Google e procure, pesquise sobre programas como Anki ou Wakan (falaremos destes e de outros sites futuramente). Conheça os incríveis Tae Kim e ImabiContinue acompanhando este blog (rsrs).

Uma pequena desvantagem para quem não sabe Inglês é que a maioria dos sites (com bons materiais) estão nesse idioma. Mas se você sabe Inglês, off you go!

Enfim, surfe! Surfe nesse mar de informações!!!

Mas acima de tudo...


  • Dica 10 - Divirta-se

Estudar pode ser desmotivante se você não souber fazer isso de uma forma divertida e interessante. Tente unir o útil ao agradável. 

Se você percebe que ler aquela apostila ou fazer uma bateria de exercícios não está sendo lá tão legal (e nem tendo resultados frutíferos), então faça algo que envolva o idioma e te divirta, você vai estar estudando sem nem mesmo perceber

Gosta de música? Então estude através delas. Gosta de animes, então estude através deles. Gosta de namorar, namore com alguém que fale japonês (rsrs).

Seja o que for, divirta-se. Motivos para isso não vão faltar com Japonês, é um idioma muito prazeroso e divertido de se estudar.



Há alguma dica que você gostaria de acrescentar? Pode colocar nos comentários abaixo /( ^_^)/


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